quarta-feira, 12 de setembro de 2012

OS JAGUNÇOS


Diversidades conceptuais
12 de Setembro de 2012



1. Ao mesmo tempo que decorria mais um monólogo (ainda por cima enfastiante) do ministro '10 à hora' (pese embora o esforço do entrevistador) na noite televisiva de ontem em que, como tem vindo a ser hábito, praticou mais um exercício de pura demagogia e que conseguiu dizer ao longo da entrevista coisa nenhuma a não ser barbaridades contundentes que fazem com que os portugueses atinjam níveis de preocupação como nunca tiveram, a única coisa verdadeiramente real e genuína foi a recepção calorosa que alguns portugueses e portuguesas e que representavam, estamos certos, a esmagadora maioria do povo português lhe dedicaram à chegada. Continuamos a não perceber é como é que a elevação que frequentemente repete, articula com a falta de vergonha que ele e demais entourage todos os dias repetem até à exaustão.

Na versão dos mentores de Gaspar, Relvas & Coelho (Portas continua ausente...), o povo português é pacífico, compreensivo e ainda é capaz de fazer mais esforços sem estrebuchar. Não é por acaso que tem havido elogios em público para contrabalançar o que se passa nos bastidores. E se porventura alguém reclama aquilo a que tem direito e de que foi espoliado, reclama porque está farto de ser um eterno burro de carga e não ter futuro, lá aparece de imediato um qualquer Schaeuble ou Rehn com avisos solenes convencidos que isto é a sua quintinha de desvarios. E, como começa a ser ponto de honra, a pseudo-justificação para mais desgraças veio de mansinho enquanto a Selecção Portuguesa se esfalfava a lutar contra a inépcia e falta de sorte que felizmente ainda veio a tempo.

2. Sendo o futebol um desporto cada vez mais direccionado para ricos, restam-nos escassas alternativas para o ver regularmente, pois se os bilhetes já tinham preços inapropriados, com o aumento do IVA para a taxa máxima tornaram-se verdadeiramente proibitivos. Como a alternativa de assistir a um jogo semanal em canal aberto já foi chão que deu uvas e agora apenas o monopolista com preços de lojas de luxo os transmite em canal fechado, resta-nos a possibilidade de vê-lo no café ou na tasca mas aí é preciso fazer despesa e voltamos ao mesmo. Com o rumo que as coisas estão a levar, prepara-se em grande escala o regresso ao passado do velhinho transistor. É afinal tudo uma questão de hábito. E não tem demonstrado a História que os portugueses é um povo habituado a sofrer?

3. Foi o Sporting como podia ter sido outro clube português; A UEFA permitiu a disponibilização da 'Lista Negra' de devedores em que o clube de Alvalade aparece contemplado. A primeira análise possível é que só alguns tiveram o direito de figurar nessa lista, porque uma situação desse tipo tem sempre impacto negativo ao nível europeu do futebol e permite extrapolações de toda a espécie. Sabendo-se o estado financeiro de alguns grandes clubes com défices crónicos monstruosos, não deixa de ser motivo para as mais diversas interrogações e conjecturas o facto dos mesmos não serem reportados nessa lista, o que desde logo retira credibilidade ao organismo liderado por Platini. Vamos aguardar por futuros desenvolvimentos (e correcções), sendo que já para o mês que vêm, as sanções passam a ser decididas com um português na liderança da Instância de Controlo Financeiro da UEFA – o ex-Procurador-Geral da República, José Cunha Rodrigues.

4. Enquanto isto vinha a lume, a decisão da 6ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa de considerar culpados na transferência de João Pinto para o Sporting, para além do próprio e José Veiga, um ex-director financeiro do Sporting – Rui Meireles – e o actual membro da Administração da SAD leonina, Luis Duque, o presidente da MAG do Sporting ignorava por completo a menção ao Sporting na ‘Lista Negra’ e tentava demonstrar de uma forma veemente que o Sporting não era tido nem achado naquele caso. Fica-lhe bem esse esforço mas quer queiramos quer não, o facto da transferência ser para o Sporting e dois dos intervenientes terem à data importantes cargos na estrutura leonina, ainda que salvaguarde a posição do Sporting, não o iliba por completo aos olhos da opinião pública. A questão que já tínhamos aflorado é; porquê então só este caso e não outros, para que todos tenhamos a perspectiva que a justiça é transversal à sociedade e ao futebol?

Mas na linha do que lhe é tradicional, o fogoso presidente da MAG leonina chamou para seu tema principal na sua crónica de hoje no jornal A Bola, imagine-se, o castigo a Jorge Jesus que continua a incomodar a nação leonina prenhe de satisfação sempre que algo acontece de negativo ao Benfica. E não faz por menos: demissão e já de Herculano Lima e da vogal apenas e só porque votaram contra a decisão. Se no caso do presidente do C.D. ainda se percebe a lógica face ao contexto das justificações que deu, já quanto à vogal Isabel Leira Gonçalves atrevemo-nos a afirmar que é deveras ridículo e recomendávamos ao insigne adepto leonino que se desse ao trabalho de reler anteriores textos que escreveu sobre árbitros que prejudicaram o Sporting, pois talvez concluisse que a coerência não é o seu forte. E nesse caso que já foi exaustivamente debatido, era bom, e demonstrativo de pensamento consequente e coerente, que se debruçasse sobre um caso muito mais antigo (26 de Novembro de 2011), que envolveu adeptos do seu clube e que o Benfica continua a aguardar (190 dias depois) que seja decidido. Isso sim era sinónimo de coerência...


Mais um poema do Anti-Benfica.COM

AQUI:http://www.anti-benfica.com/artigos-opiniao/diversidades_conceptuais.php


Por   karlos